Minha maré insonia

Nado ansioso
de um lado
para o outro
em esforço argonautico
não afundar
nas vagas
tormentas
de lençóis
já não tão macios
Agarro na ponta
da colcha-boia
na crescente
palpitante
vertigem
de não fragar
e sigo
de cá
pra lá
remando
para um sonho
que não vem
para um sonho
naufrago

canso de nadar
de engolir
anfibios gordos e crus
numa madrugada quente
umida molhada
e num desfreio
da razão
tento me afogar
inutil
na emoção
e ensopo minha tabua
de assentar pensamentos
de lagrimas

Esgotado
dessa odisseia noturna
fatigado
dessa nataçao angustiada
aponto-me
ao para-peito
para andar na prancha
me atirar aos tubarões de vento
mas que surge
quente e acolhedora
teu primeiro toque matutino
a aquecer a pele
a me ninar
no seu primeiro raio canção
como a um menino
que deseja colo.

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