Dois dias passados
uma dor antiga
da perda de um amor
fez-se presente
em pequenos retalhos
formaram uma colcha de lembranças
um calor de saudade
Entregue em mãos
um pequenino embrulho
numa caixa velha
antes de abrir
a luz que emanava
dessa caixa fechada
abria portas numa mente
já cansada
Aberta
fez-se jóia revelada
luzente de ouro
ponteiros de uma saudade
de uma infancia desmedida
e bem vivida.
Como rodasse ao contrario
num lapso atemporal
dentro de um piscar d'olhos
voltei na conversa
de sinceridade cruel
da pueril idade
onde o interesse de um presente
era maior
que a presença do presenteador
... coisas de criança
Num lapso atemporal
de um suspiro denso
culposo
um salto a diante
nuns anos amais
com a consciência defronte
a perda com a morte
mais ainda carregado
em ingenuidade pueril
quis imortaliza-la
em artista de cinema
em atriz de televisão
Os ponteiros dourados
adiataram até a hora presente
numa volta da recordação
em lagrimas tristes
em lagrimas alegres
saudade e emoção
um pedacinho de mim
tão perdido
e esquecido em gavetas neuronais
fez-se vívido
Achei-me
em ti
com outros retalhos de recordações
em colas, folhas, flores
caras de porcelanas
tecidos coloridos
fitas, filós, tintas,
pincéis, moldes e alfinetes
a senhora
nossas tardes divididas
nossos risos
nossas brigas
nosso carinho
nosso amor
fez-se presente
em retalhos
fez-se colcha
e aqueceu esse vazio
que ainda arde
e muito vai arder
nessa perda
nessa saudade.
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